Os pais das vítimas lutam para manter a memória da tragédia viva, tanto dentro de suas casas quanto fora delas, e enfrentam cada vez mais oposição de conterrâneos que defendem que o episódio Kiss seja esquecido na história do município gaúcho de 285 mil habitantes, mesmo não havendo nenhuma pessoa responsabilizada pela Justiça pelo incidente.
O incêndio da boate Kiss, que aconteceu há 10 anos, causou comoção no Brasil e no mundo devido ao fato de muitos jovens terem saído para se divertir e nunca mais voltado. Naquela noite, 242 jovens não voltaram para casa, a maioria sofreu asfixia devido aos gases tóxicos liberados pela queima do revestimento de espuma instalado irregularmente no local e que foi atingido pelas chamas de um artefato pirotécnico acendido no show da banda Gurizada Fandangueira. Além disso, houve 636 feridos. Familiares, sobreviventes e amigos das vítimas lutam para preservar a memória da tragédia e enfrentam conterrâneos cada vez mais agressivos que defendem que se encerre o capítulo Kiss na história do município gaúcho, mesmo não havendo nenhuma pessoa responsabilizada pela Justiça pelo incidente. Ainda, o júri popular que condenou dois empresários, um músico e um assistente de palco a penas entre 18 e 22 anos de prisão foi anulado sete meses depois por erros processuais. O Ministério Público recorre da anulação no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, mas não há prazo para uma decisão ou para novo julgamento.