É muito cedo para dizer adeus à combustão interna

 
Ainda é cedo para dizer Adeus à combustão interna?

Ainda é cedo para dizer Adeus à combustão interna?

    Os principais mercados automotivos estão testemunhando uma rápida adoção aos veículos elétricos. Na Europa, eles já representam mais de 9% da frota, e os regulamentos caminham para permitir apenas a venda de veículos com emissão zero a partir de 2035. 

    Mas isso deixa mais de uma década em que as montadoras ainda procurarão uma parte significativa de suas vendas anuais virão de veículos com motor à combustão interna.

    Isso inclui o uso dos carros híbridos, que são mais ambientalmente aceitáveis, já que utilizam tanto motores elétricos, quanto à combustão. 

Onde as montadoras devem se concentrar

    Inovações tecnológicas são necessárias para permitir que os automóveis à combustão continuem fazendo parte do mix de vendas. 

    Consequentemente, em vez de abandonar a produção dos motores à combustão, as montadoras devem desenvolver estratégias para aumentar a eficiência dos motores sem aumentar os recursos (e fornecedores) já dispersos, ou olhar para os clientes para fazer a diferença.

    Uma revisão da pesquisa de ponta mostra que várias tecnologias podem ser aproveitadas para alcançar melhorias. Isso pode levar a reduções potenciais de emissões de CO2 entre 10% e 15%, dependendo da classe do veículo, mostram nossos cálculos.

    A Mazda deixou claro que planeja continuar sua “busca incessante para desenvolver o motor à combustão ideal”.

    Entre as maneiras pelas quais algumas das novas tecnologias alcançam esses ganhos é por meio de melhorias na recirculação dos gases de escape, recuperação de calor residual e gerenciamento térmico dos gases de escape. 

    Entretanto, reduções adicionais de emissões podem ser realizadas incorporando ao design moderno dos motores recursos como:

Revestimentos de baixo atrito;
Turbocompressor avançado e composição de turbo;
Phasers de came de admissão elétrica, injeção de água e ignição pré-câmara. 

    Aproveitando as vantagens de cursos mais longos, taxas de compressão variáveis, combustão mais enxuta ou variantes modernas dos ciclos Miller ou Atkinson em maior medida, as emissões poderiam ser ainda mais reduzidas.

    Ao implementar essas inovações, estima-se que cerca de 16 gramas de CO2 por quilômetro (gCO2 /km) de emissões poderiam ser reduzidos em comparação com a geração atual de tecnologia de motores em um carro típico do segmento C movido a combustão interna.

    Em outras palavras, isso se traduz em uma economia de mais de 1.800 kg de CO2 em um período de 10 anos. O que implicaria, apenas na Europa, uma redução total de quase 60 milhões de toneladas de emissões de CO2.

    Isso é aproximadamente o que todos os carros na Espanha emitem em um ano inteiro. Esta mudança seria o equivalente a tirar mais de quatro milhões de carros à combustão interna das ruas. 

    Essas tecnologias podem ser vitais, uma vez que as montadoras devem reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 2021.

    Em vez de fugir da inovação dos motores à combustão, as montadoras devem desenvolver estratégias para alcançá-la com eficiência, sem aumentar ainda mais os recursos já dispersos.

Óxido de nitrogênio

    Além das reduções de emissões de CO2, o foco regulatório também está nas emissões de óxido de nitrogênio (NOx), com a próxima iteração não divulgada das metas da Euro 7 esperada para ser muito mais rigorosa. 

    As novas regulamentações provavelmente entrarão em vigor na segunda metade desta década, o que deixa as montadoras sem saber o que almejar nesse meio tempo.

    Os atuais sistemas de controle de emissões já convertem as emissões de NOx com mais de 99% de eficiência em condições de condução em rodovias, mas é necessário mais trabalho para cobrir emissões mais altas em condições de condução urbana.

    Tecnologias, como maiores volumes de catalisador, hibridização contínua do trem de força e pós-tratamento avançado, estão sendo desenvolvidas para esse fim. Especialistas do setor estimam que tais inovações podem ser implementadas sem muitos custos.

Alcançar o equilíbrio certo de Pesquisa e desenvolvimento 

    Embora haja um argumento claro para continuar investindo em inovações dos motores à combustão com base apenas na conformidade regulatória, as montadoras e seus fornecedores são severamente limitados e m recursos e devem se concentrar simultaneamente no desenvolvimento de tecnologias e arquiteturas de veículos elétricos.

    Como resultado, os participantes do setor terão que consolidar esforços em torno das opções que oferecem a melhor chance de estender a vida útil dessa tecnologia em extinção. 

    Não há vantagem competitiva ou estratégica no desenvolvimento de plataformas a combustão. Nesse cenário, vemos duas direções estratégicas emergindo.

    Em primeiro lugar, as montadoras precisam buscar parcerias no setor para que possam consolidar volumes e distribuir custos, por meio de plataformas compartilhadas de motores. 

    Oferecer plataformas a combustão interna a outros players pode ajudar as montadoras a gerar escala por meio de negócios de terceiros. Isso também pode ser adotado para os motores usados   em veículos híbridos.

    Um fabricante global de motores já está adotando essa abordagem no setor de veículos comerciais. Fundos de investimento especializados poderiam ser potencialmente atraídos para financiar tais modelos de negócios.

    Em segundo lugar, as montadoras podem mudar o foco da inovação com países como China ou Índia se tornando o novo epicentro da inovação dos motores à combustão. Várias grandes montadoras já possuem extensa presença em P&D nesses países para alavancar sua base de talentos em engenharia.
Mercados emergentes e novos entrantes

    Os mercados fora da Europa e da América do Norte respondem por cerca de dois terços das vendas automotivas globais anuais, mas podem precisar de mais tempo para fazer a transição completa para veículos de emissão zero. 

    Embora a China tenha sido agressiva na adoção de veículos elétricos, as montadoras também estão desenvolvendo novas plataformas a combustão interna.

    A regulamentação de emissões limitada ou atrasada em partes da Ásia e da África precisam considerar novas localizações de fábricas, enquanto o mercado sul-americano poderia se concentrar mais em biocombustíveis.

    Mudar o epicentro da inovação dos motores ajudaria as montadoras a atender a essa demanda a longo prazo. Felizmente, uma mudança já é evidente nas estratégias de várias montadoras. 

    Enquanto os novos participantes estão se concentrando principalmente em veículos elétricos ou híbridos puros, algumas das montadoras menores na Europa com volumes de vendas modestos tomaram decisões ousadas para eletrificar totalmente seu portfólio muito mais cedo. 

    Uma alternativa potencial, porém arriscada, para outros poderia ser mudar para tecnologias mais nascentes, como e-combustíveis ou motores movidos a hidrogênio

Conclusão 

    Embora seja cada vez mais evidente que os veículos movidos a bateria serão a tecnologia dominante para o segmento de veículos leves no futuro, esse futuro ainda não chegou, e isso é uma boa notícia para os consumidores comuns, pois podemos ganhar dinheiro simplesmente abrindo uma conta de investimentos e comprando as ações dessas empresas na bolsa de valores e ganhar dinheiro com a valorização dos ativos.

    A fabricação de automóveis está atualmente em um período de transição em que veículos elétricos e a combustão devem coexistir.

    Dado que há poucas chances de pularmos essa etapa, uma parada forçada e prematura na pesquisa e desenvolvimento dos motores tradicionais pode minar o que a economia global está tentando alcançar por meio de uma mudança para a eletrificação.
 
    Para ajudar a indústria a passar pela transição, é necessária mais clareza e estabilidade na regulamentação, com cronogramas claros, confiáveis   e realistas sobre a eliminação do motor a combustão interna e a redução de emissões. Um bom exemplo seriam as metas e o cronograma do Euro 7.

    Isso permitirá que as montadoras aproveitem o máximo possível de novas tecnologias para tornar a combustão interna menos onerosa para o meio ambiente e mais uma vantagem para a indústria automobilística e seus clientes.

Wellington Dos Santos Silva


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